Introdução
O etarismo, ou ageísmo, é uma forma de discriminação baseada na idade cronológica, que pode afetar profundamente a vivência profissional de enfermeiros e técnicos de enfermagem. Em um contexto em que o envelhecimento da força de trabalho é uma realidade global e jovens profissionais buscam espaço no mercado, a enfermagem precisa lidar com preconceitos que vão desde a exclusão de profissionais mais velhos até a desvalorização da juventude e da inovação.
Este artigo analisa como o etarismo afeta contratações, oportunidades de crescimento e ambiente de trabalho na enfermagem, propondo caminhos para valorização da experiência e inclusão dos mais jovens.
O que é Etarismo e como ele se manifesta na Enfermagem
Etarismo é a discriminação de uma pessoa com base em sua idade. Na enfermagem, isso pode se manifestar de várias formas, como:
- Exclusão de profissionais mais velhos nos processos seletivos sob alegações de “dificuldade com tecnologia” ou “baixa adaptabilidade”;
- Desconfiança em relação à competência de profissionais jovens, considerados “inexperientes” ou “imaturos”;
- Ambientes de trabalho segmentados, onde há pouco diálogo entre diferentes gerações;
- Barreiras à capacitação e crescimento profissional para ambos os grupos etários.
Etarismo e Contratações: Oportunidades Desiguais
O preconceito etário pode influenciar diretamente os processos seletivos, especialmente em instituições que buscam "perfil jovem e dinâmico" ou, ao contrário, que valorizam apenas a “bagagem e senioridade”.
Impactos negativos:
- Profissionais experientes podem ser preteridos por empresas que temem altos custos com salários ou planos de saúde;
- Profissionais jovens enfrentam dificuldades para obter sua primeira oportunidade, mesmo após estágios e formação qualificada.
Essas práticas criam um ciclo de exclusão e estagnação, privando o setor de talentos valiosos em todas as faixas etárias.
Valorização da Experiência: Profissionais Sêniores como Mentores
A presença de enfermeiros com longa trajetória profissional é uma riqueza institucional. Sua vivência em diferentes contextos de saúde contribui para:
- Segurança do paciente, pela aplicação de práticas clínicas consolidadas;
- Formação de novos profissionais, por meio de mentorias e supervisões;
- Gestão eficiente, ao trazer conhecimentos sobre rotinas hospitalares e políticas públicas de saúde.
A valorização desses profissionais requer iniciativas como:
- Programas de mentoria intergeracional;
- Planos de carreira inclusivos;
- Ações contra o preconceito etário no ambiente de trabalho.
Inclusão dos Jovens: Inovação e Adaptabilidade
Por outro lado, enfermeiros recém-formados trazem um olhar atualizado, flexibilidade e habilidades digitais — características essenciais diante das transformações tecnológicas na saúde.
Apoiar a juventude na enfermagem significa:
- Criar programas de integração e treinamento;
- Estimular a formação continuada com acesso gratuito a cursos;
- Promover a participação em comissões e decisões institucionais;
- Desenvolver ambientes que valorizem a inovação sem desprezar a experiência.
Integração Intergeracional: Um Caminho Sustentável
A verdadeira evolução da enfermagem se dará pela colaboração entre gerações, promovendo ambientes que acolham tanto a sabedoria quanto a inovação. Estratégias práticas incluem:
- Rodas de conversa e grupos de estudo intergeracionais;
- Avaliação de desempenho baseada em competências e não em idade;
- Treinamentos em diversidade etária e empatia para líderes e equipes.
Cursos Online Gratuitos sobre Diversidade, Inclusão e Liderança Intergeracional
Para promover a conscientização e a capacitação sobre o tema, recomenda-se os seguintes cursos gratuitos:
Considerações Finais
O etarismo na enfermagem não é apenas uma questão de justiça social, mas de qualidade na assistência. Ignorar o potencial de profissionais sêniores ou jovens é desperdiçar talentos, prejudicar o ambiente de trabalho e comprometer o cuidado ao paciente.
Valorizar todas as idades, investir em ambientes inclusivos e promover a troca entre gerações são atitudes essenciais para um futuro mais humano e eficiente na enfermagem.
Referências Bibliográficas
- PALÁCIOS, Mauro. Etarismo no ambiente de trabalho: o preconceito invisível. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 74, supl. 1, 2021.
- SILVA, Cássia T. et al. Diversidade geracional na enfermagem: desafios e potencialidades. Revista de Enfermagem UFPE, 2022.
- OMS – Organização Mundial da Saúde. Global report on ageism. 2021. Disponível em: https://www.who.int
- Conselho Federal de Enfermagem (COFEn). Perfil da Enfermagem no Brasil. Fiocruz/COFEn, 2015.
- CARVALHO, Aline P. Gestão da diversidade etária nas instituições de saúde. Revista Gestão & Saúde, v. 10, n. 2, 2020.